Já é amplamente comentado entre profissionais de saúde que a Covid deixa sequelas em algumas pessoas acometidas pelo coronavírus. O que ainda está sendo investigado por cientistas do mundo inteiro – e que já há uma série de estudos a respeito – é se a doença também afeta a saúde bucal de alguma forma. 

Neste artigo iremos falar um pouco mais sobre esta condição e o que tem sido feito para aprimorar o modo de lidar com este problema. Acompanhe!

Covid-19 é capaz de causar problemas dentários?

Desde o início da pandemia há relatos de pessoas acometidas pelo novo coronavírus e que desenvolveram ou agravaram alguns problemas bucais, tais como queda dos dentes e periodontite. 

Aliás, não se trata de algo de simples compreensão, pois os casos são os mais variados e ainda não há um consenso a respeito, afinal tanto os médicos quanto a população ainda estão aprendendo sobre este vírus.

Por isso, cientistas de vários países estão conduzindo pesquisas a fim de descobrir se de fato a covid deixa sequelas na saúde da boca, se este vírus é causador de algum problema desta ordem ou se as doenças bucais agravam o quadro de quem é acometido pelo SARS-CoV-2.

Uma das hipóteses mais plausíveis é a de que o vírus infecta as veias sanguíneas, o que atrapalha de alguma forma o fluxo de sangue nas gengivas, dentes e língua, podendo levar a dor e causar queda dos dentes.

Porém, alguns cientistas trabalham com a linha de que a covid deixa sequelas, porém só faz com que os dentes caiam quando o paciente já possui uma condição dentária prévia.

Quando se fala em SARS-CoV-2, a boca é um dos principais locais de transmissão e contágio, portanto, trata-se de uma parte do corpo que pode ficar em um estado bastante vulnerável. 

Um estudo publicado pela International Journal of Oral Science sugere que a presença dos receptores ECA2 na boca das pessoas pode fazer da cavidade oral um verdadeiro ninho para a replicação do vírus. Além disso, outras pesquisas apontam que gotículas de saliva carregam uma quantidade de carga viral capaz de infectar as pessoas em uma distância de até oito metros. 

Uma outra linha de pesquisadores entende que a tempestade de citocinas pode estar se manifestando na boca dos pacientes, o que gera uma reação exagerada e faz com que o sistema imunológico entre em colapso.

Covid deixa sequelas na boca?

Alguns pesquisadores da Universidade Vita-Salute San Raffaele, na Itália, acompanharam 122 pacientes infectados com o SARS-CoV-2 e descobriram que a maioria deles permaneceu com algum tipo de problema bucal.

O estudo publicado no Journal of Dental Research (JDR) aponta que isso pode ter relação com a própria doença e com outros fatores relacionados à internação e ao tratamento, como o uso de remédios, por exemplo. Alguns dos pacientes envolvidos na pesquisa estiveram hospitalizados, outros apenas foram acompanhados em uma única consulta.

Na ocasião, todos os participantes foram avaliados por um dentista, que procurou eventuais anormalidades em todas as estruturas da cavidade oral.

Periodontite e casos graves de covid

Já um outro estudo elaborado por instituições do Catar, da Espanha e do Canadá não tinha como intuito principal apurar se de fato a covid deixa sequelas, mas levantou mais um importante alerta ao associar a periodontite a casos graves da infecção por coronavírus. 

Para chegar a essa conclusão, os pesquisadores avaliaram radiografias da boca de 568 pacientes que sofreram com o coronavírus. Após a análise identificaram que pacientes com a forma mais grave de periodontite tinham um risco três vezes maior de serem intubados, internados na UTI ou morrerem por causa do Sars-CoV-2. 

Vale lembrar que a periodontite está associada a doenças cardíacas e respiratórias, diabetes e obesidade, portanto ela gera uma inflamação sistêmica que vai além da boca. Tais problemas correlacionados são ligados aos casos mais agudos de covid-19. 

Com essas características, é possível afirmar que a periodontite pode agravar um processo inflamatório decorrente da infecção por coronavírus.

Relação entre gengivite e casos de covid

Todos nós sabemos que o cuidado com a saúde bucal deve ser diário, pois em casos de descuido podemos vir a desenvolver problemas como a gengivite, doença que, de acordo com a Organização Mundial da Saúde (OMS), acomete 90% da população.

Sabendo desse surpreendente número de incidência, é muito importante lembrar que a detecção do vírus na gengiva pode contribuir para o agravamento do quadro de saúde do paciente em tratamento. 

Isso porque o fluido gengival que forma a saliva ajuda a aumentar a chance de disseminação dessas bactérias, que podem ser inaladas e até infectar os pulmões. Esse tipo de incidência ocorre principalmente entre os pacientes que utilizam aparelhos de ventilação ao longo do tratamento. 

Outro aspecto importante da saúde bucal que deve ser observado com mais atenção em tempos de pandemia é a retração gengival, que consiste na mudança de posição da gengiva por conta da perda dos tecidos de sustentação e acaba expondo a raiz do dente. 

A retração gengival pode gerar uma inflamação e agravar ainda mais o quadro de covid, portanto, todo cuidado é pouco. Não deixe de ir ao dentista e de manter a saúde bucal em dia.

Odontologia hospitalar em tempos de covid

O Conselho Federal de Odontologia (CFO) afirma que, nesse período pandêmico, é crucial ter um cuidado redobrado com a vida e a saúde bucal de pacientes hospitalizados com o novo coronavírus.

Sabe-se que geralmente a Odontologia Hospitalar destaca-se pela atuação na cirurgia e traumatologia bucomaxilofacial para tratamento dos traumas de face, deformidades e outros aspectos, além do trabalho do Cirurgião-Dentista de qualquer especialidade.

Mas a pandemia fez com que esse cenário mudasse de configuração, colocando o Cirurgião-Dentista como um profissional fundamental junto a equipe multiprofissional. Isso porque são observados inúmeros agravos à cavidade oral decorrentes do longo tempo de internação, entubação e ventilação mecânica. 

E justamente por conta do caráter excepcional desses casos, a assistência odontológica hospitalar é realizada exclusivamente à beira leito, seja em Unidades de Terapia Intensiva (UTI) ou em enfermaria.

Como você pode perceber, a covid deixa sequelas em um grande número de pessoas e muitas vezes a saúde bucal tem ligação direta com o agravamento dos casos. Gostou do conteúdo? Então continue navegando em nosso site para conferir a variedade do nosso acervo de artigos!