co-inteligência: um novo paradigma para o profissional de saúde
Por Anderson Fedel
Em uma era marcada por avanços tecnológicos sem precedentes, a área da saúde encontra-se diante de uma transformação revolucionária. A emergência da co-inteligência, um conceito que une o melhor das capacidades humanas com o potencial da inteligência artificial, está redefinindo os paradigmas do cuidado em saúde. Enquanto médicos, enfermeiros e outros profissionais da área sempre se destacaram por sua expertise clínica, empatia e capacidade de julgamento, agora têm a oportunidade de amplificar estas qualidades através de uma parceria sinérgica com sistemas inteligentes. Esta colaboração entre mente humana e máquina não apenas otimiza processos e aumenta a precisão diagnóstica, mas também libera os profissionais para se concentrarem no aspecto mais fundamental de seu trabalho: o cuidado humanizado com o paciente.
O parágrafo acima foi inteiramente produzido pelo modelo de Inteligência Artificial (IA) Claude 3.5 Sonnet, da empresa Anthropic, após detalhadas instruções sobre o que deveria ser escrito. Achei que essa seria uma ótima forma de iniciar o post sobre o assunto, utilizando um pouco de “co-inteligência” para escrever a introdução. Nas próximas linhas, iremos entender como esse conceito, popularizado pelo escritor Ethan Molick em Co-Intelligence: Living and Working with AI, pode ser adotado na prática diária do profissional da saúde, tornando sua rotina mais eficiente e otimizando os cuidados ao paciente.
Imagem gerada com o modelo de Gen AI DALL·E 3
O que é co-inteligência?
Já utilizamos máquinas para nos ajudar a desempenhar diversas tarefas cognitivas há bastante tempo, o que não é nenhuma novidade. Afinal, quem nunca utilizou um corretor gramatical ou um tradutor para auxiliar na produção de um texto? Sendo mais amplo, até mesmo quando utilizamos uma simples calculadora, estamos usufruindo de um mecanismo que amplia nossas capacidades como humanos para concluir uma tarefa.
Com o amadurecimento das tecnologias que usam Inteligência Artificial Generativa (IA Gen), grupo de modelos especializado na geração de conteúdo, essa possibilidade de colaboração entre humano e máquina está atingindo novos patamares. Isso porque esses sistemas conseguem entregar resultados tão complexos e elaborados que podemos vê-los como uma espécie de inteligência assistente, paralela ou secundária. Assim, aquelas pessoas que conseguem usufruir do potencial desse tipo de ferramenta para desenvolver suas atividades podem trabalhar de forma melhor e mais eficiente, passando a contar não só com sua inteligência humana, mas também com uma “co-inteligência”. Segundo Mollick, o termo sugere a colaboração sinérgica entre humanos e IA, que aproveita os pontos fortes de cada um para obter resultados superiores em diversos campos como negócios, educação e criatividade. A área da saúde certamente não fica de fora.
Imagem gerada com o modelo de IA Gen Playground-V3
Potenciais e limitações
Ferramentas baseadas em IA Gen como ChatGPT, Anthropic Claude ou Google Gemini têm a capacidade de retornar informações de um espectro incrivelmente amplo de conhecimento humano. Esses modelos, tidos como fundacionais, armazenam e processam dados de uma forma completamente inovadora, pois não apenas dão respostas a perguntas do usuário, mas também são capazes de elaborar conteúdo com base em informações pré-existentes.
No entanto, esse tipo de ferramenta também apresenta restrições e muitas vezes saber tirar o máximo proveito delas pode apresentar alguns desafios. É preciso ter em mente que todos esses modelos podem, em algum momento, apresentar erros, fenômeno conhecido como “alucinação”. Nesse contexto, a IA Gen pode apresentar uma resposta convincente e bem elaborada ao usuário, porém completamente equivocada. Esta é uma preocupação importante principalmente na área da saúde, onde um erro prestado em um atendimento pode agravar o quadro do paciente. O oposto do objetivo almejado pelo profissional de saúde.
Otimizando a atenção à saúde com IA
Para que se consiga uma sinergia entre humanos e máquinas, visando à co-inteligência, é fundamental que as ferramentas utilizadas sejam confiáveis. Ou que, pelo menos, o profissional saiba utilizá-las de forma responsável, tendo consciência de suas limitações. Como regra geral, é sempre importante conferir cuidadosamente o texto fornecido por qualquer IA Gen, checando informações factuais dadas pelo modelo. Também é preferível utilizar ferramentas que forneçam links com fontes, quando informações-chave forem dadas.
Utilizando um exemplo prático, imagine que o profissional de saúde precisa consultar possíveis interações medicamentosas das medicações utilizadas pelo paciente e aquela que ele pretende prescrever. Ferramentas como OpenEvidence podem ajudar, oferecendo informações baseadas em evidência científica, já que utiliza IA para sintetizar assuntos relacionados a um tema, em uma base de diversos artigos científicos. A ferramenta retorna respostas com vários links, apontando em quais artigos as informações fornecidas foram encontradas.
Outro exemplo interessante é a atualização científica. Sabemos que o profissional de saúde tem por dever se manter atualizado para poder oferecer o melhor do que há disponível para seu paciente. Ferramentas como Consensus ajudam a buscar informações sobre um tópico, apresentando uma interface intuitiva com evidências relacionadas ao tema, mostrando sempre links para as fontes de informação original. A plataforma tem um diferencial de apontar visualmente quais artigos suportam determinado ponto de vista e quais vão contra. Bastante interessante principalmente para embasar decisões em temas ainda controversos.
Até mesmo ferramentas de chat gerais, como ChatGPT, podem ser muito úteis para tarefas burocráticas de repetitivas do dia-a-dia. Experimente por exemplo descrever no chat a sua atividade, o contexto do seu trabalho e uma questão que você sente dificuldade de resolver na rotina de atendimento de seus pacientes. Inicie uma conversa interativa com o ChatGPT, ou outra plataforma de sua preferência, buscando possíveis soluções para seus problemas. Você poderá ficar surpreso com as ideias completamente novas que a ferramenta pode trazer. Como fala Ethan Mollick em seu livro, tente sempre trazer a IA para a mesa de discussão, em um fluxo de informação de duas vias, corrigindo e complementando o contexto a cada resposta do chat. Imagine que ele pode ser uma excelente segunda opinião ou uma espécie de colega de trabalho. Em outras palavras, conte com uma ferramenta que pode estar sempre ali para ajudar e expandir suas capacidades. Trate-a como uma… co-inteligência.
Imagem gerada pelo modelo de IA Gen FLUX.1-dev
“Um mais um é sempre mais que dois”
Enquanto muitas pessoas levantam preocupações, de certa forma fundamentadas, sobre a possível substituição de alguns postos de trabalho por algoritmos de IA, é importante salientar que o conceito de co-inteligência vem para trazer um novo ponto de vista para o tema. A colaboração entre humanos e IA tem o potencial de entregar resultados melhores do que aqueles obtidos quando cada um atua isoladamente.
Segundo Karim Lakhani, professor da renomada Harvard Business School, “IA não substituirá humanos, mas humanos com IA substituirão humanos sem IA”. É a esse cenário que o profissional de saúde deve estar atento. Utilizar IA como aliada em suas rotinas pode ajudar o profissional não apenas a se tornar mais competitivo no mercado, mas também a oferecer melhor assistência a seus pacientes.
Referências:
MOLLICK, Ethan. Co-intelligence: living and working with AI., 2024
PEARL, Robert. ChatGPT, MD: How AI-Empowered Patients & Doctors Can Take Back Control of American Medicine.,2024.
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