Metodologias de estudos
Por Joice Dalla Costa
Existe um senso comum que dissemina a ideia de que o ato de estudar limita-se a “sentar em uma cadeira, baixar a cabeça e mergulhar nos materiais e livros”. Porém, com o avanço científico e dos estudos metodológicos, foi possível compreender que há estratégias de estudo que permitem com que o estudante retenha o conteúdo estudado com maior facilidade e efetivando de fato o aprendizado, não o deixando apenas nas memórias de curto prazo.
Neste contexto, difundem-se dois termos que caracterizam as formas de estudo que são: estudo passivo e estudo ativo. Este primeiro, refere-se ao acadêmico que recebe os conteúdos de forma teórica, por meio de aulas e leituras, porém, só recebe a informação, sem utilizar de nenhum artifício auxiliar para que assimile este conteúdo ou o retenha a longo prazo. Já o segundo, retrata o acadêmico que se envolve diretamente com o estudo, exercendo atenção plena nas tarefas como: realizando uma leitura e simultaneamente grifando o texto, escrevendo os pontos importantes deste, e também, utilizando métodos de autoexplicação, fazendo resumos, mapas mentais e flashcards.
Método de estudo ativo
O cérebro humano, possui mecanismos de armazenamento de informações relacionado a links ou ligações. Dessa maneira, para que uma informação fixe na memória, é necessário que haja ligação com algo que seja relevante para sua vida. Por exemplo: um estudante de Odontologia que esteja lendo um conteúdo sobre Saúde Coletiva, mais especificamente sobre a Lei 8.080/90 (Lei Orgânica da Saúde/SUS), se ele somente ler sem se envolver, sem grifar ou realizar anotações, provavelmente, reterá somente uma pequena porcentagem daquele conteúdo.
No entanto, se esse mesmo estudante, estiver diante do conteúdo e procurar entendê-lo, realizando anotações, mapas mentais e separando quais são os Princípios, Diretrizes e os correlacionando às aplicações cotidianas, terá envolvido todos os seus sentidos com a leitura, passando a memorizar a maior parte daquela matéria desde o primeiro contato.
Ao utilizar vários sentidos diante dos estudos, o cérebro trabalhará diferentes áreas, fazendo com que a memória armazene mais as informações e com maior facilidade.
Curva de aprendizagem
Na Odontologia, assim como em todas as outras áreas do saber, existe uma progressão em relação ao estudo, pois, antes da aplicação dos conhecimentos diante da prática clínica, há toda uma construção de uma base teórica. Atrelado a isso, existe um conceito famoso que se chama curva de aprendizagem, que foi descrito pela primeira vez em 1885, pelo psicólogo alemão Hermann Ebbinghaus.
O insight primordial gerado pela teoria é o de que a eficiência em cumprir uma tarefa aumenta à medida que o indivíduo pratica aquela determinada atividade. De maneira oposta, o esforço para gerar aquela tarefa diminui conforme ela é executada ao longo do tempo.
Diretamente relacionado a isso, está o cerne do estudo, em que só evidencia-se evolução nos métodos a partir do momento em que estes são aplicados e testados pelo estudante. Outro ponto importante a ser salientado, é que assim como cada indivíduo é distinto diante de suas particularidades, cada estudante também será. Portanto, um método que possa funcionar de forma extremamente eficiente para um, pode ser totalmente contrário para outra pessoa.
Dicas para se tornar um estudante ativo:
01) Tirar dúvidas e realizar questionamentos durante as aulas:
- Sabe aquela pergunta que permanece na sua cabeça durante toda a aula e você fica com receio de fazer por parecer muito “sem nexo”? É justamente neste momento que você precisa questionar seu professor ou a pessoa que está te repassando as informações, pois as perguntas obrigam o cérebro a trabalhar em dobro para encontrar uma solução. E após obter a resposta, o cérebro evita que haja descarte desta informação, pois ele sabe que houve dificuldade para chegar até ela.
Então, por mais insignificantes que pareçam, tire suas dúvidas, pois as respostas são extremamente válidas para o seu processo de aprendizagem.
02) Após a aula, estude-a novamente, fazendo resumos e mapas mentais que ajudem assimilar os conteúdos:
- Transcreva suas aulas, explicando os conteúdos de forma simplificada para si mesmo;
- Use e abuse das cores, muitas vezes o estímulo visual pode auxiliar na fixação das informações;
- No livro “Dominando a técnica dos Mapas Mentais”, o autor Tony Buzan explica que o Mapa Mental reflete a estrutura da rede neural do cérebro, com ramos que se irradiam do centro do diagrama e se desdobram de acordo com padrões de associação. É justamente esse vínculo estrutural com o funcionamento do cérebro que explica as razões pelas quais o mapeamento mental é tão eficaz. Portanto: construa seus mapas mentais.
03) Explique o conteúdo para si de forma simplificada, como se precisasse repassá-lo para uma pessoa leiga no assunto:
- Expor o conteúdo como se fosse dar uma aula é uma das maneiras mais ativas de estudo. Pois, antes de explicar algo novo à alguém, você precisa encontrar maneiras de facilitar aquela comunicação, dessa forma resumindo, simplificando e colocando em palavras acessíveis.
- Outro método interessante é o das associações e mnemônicas, associando as informações teóricas à elementos, combinações e arranjos que tenham a ver com o cotidiano. Dessa forma, vincular uma informação difícil a um fato ou ideia simples, soará ao cérebro como algo familiar.
04) Use e abuse dos flashcards:
- Os flashcards são pequenos cartões que tem como objetivo testar sua memória. Eles podem ser feitos de maneira física em fichas ou papel comum, como por meio de aplicativos on-line. De forma simples, são fichas que de um lado conterão perguntas e do outro respostas, fazendo com que as informações ocultas sejam relembradas pelo cérebro toda vez que o estudante tiver contato com aquele material.
Odontologia: um mundo essencialmente prático?
O exercício da Odontologia, por muitas vezes, é extremamente prático, e por esse motivo é difícil que o estudante tenha a compreensão da magnitude e importância do conhecimento sobre detalhes que em uma visão maximizada não possuam tanto impacto sobre a aplicação prática.
Porém, muitas vezes são os pequenos detalhes que irão diferenciar o profissional que sabe realizar a boa prática, do que profissional que além de realizar uma boa prática, detém o conhecimento dos motivos de estar exercendo cada parte de um passo a passo.
Sendo assim, para tornar-se um estudante de alto rendimento e um excelente profissional é imprescindível colocar-se de maneira ativa diante dos estudos, não deixando com que a mente seja uma mera expectadora diante de um mundo inteiro de descobertas e possibilidades que podem ser exploradas pela expertise humana.
REFERÊNCIAS:
Projeto: Estudar e Aprender – Professor Piccini;
Imaginex Education;
BUZAN, T. Dominando a técnica dos Mapas Mentais. 1ª edição. São Paulo: Editora Cultrix, 2020
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