Introdução
2024 chegou e com ele a procura pela estética, que está cada vez mais presente nos desejos dos pacientes no nosso consultório. É indiscutível que a odontologia hoje funciona não apenas para reparos, soluções pra dor ou devolução da mastigação, somos muito mais do que um trabalho funcional, nos tornamos uma profissão estética também.
Dentre as muitas busquedas pela beleza, o rejuvenescimento facial é uma das áreas mais requisitadas, procurando sempre pelo protótipo mais padrão, como um rosto fino e maçãs mais proeminentes. E assim, existem diversas maneiras de conseguir esse resultado, uma delas seria a bichectomia. Um procedimento já antigo, que ganhou maior visibilidade no mercado na última década.
Indicação
É necessária uma avaliação minuciosa para a realização dessa cirurgia, suas indicações podem variar, entre os pacientes que tem uma queixa de mordida frequente na mucosa jugal, até os pacientes que se queixam de um formato de rosto muito arredondado.
Quando o paciente deseja realizar a cirurgia por motivos estéticos, ele almeja um aumento de sua autoestima, procurando por bochechas mais finas, melhoria da aparência facial e malares mais evidenciados. O problema com os pacientes que buscam a estética dentro do procedimento, é o controle de expectativas, que por muitas vezes podem acabar se frustrando devido à falta de previsibilidade do resultado da cirurgia, pois por muitas vezes pode não ser tão visível quanto o esperado.
Existem ainda indicações para procedimentos não tão comuns, como o fechamento de comunicação oroantral após exérese ocasionando rompimento da membrana sinusal ou para reconstrução de defeitos orais originados por tumores e cistos com a bola de bichat.
Pacientes com lesões de osteonecrose também podem recorrer ao uso da bola de bichat para ajudar no tratamento, lesões que passaram pela sequestrotomia em pacientes em fase I e II tem ótimos resultados na obliteração da ferida, enquanto pacientes em fase III não obtiveram o mesmo sucesso devido à dimensão e extensão da lesão, que exige muito mais suprimento vascular.
Cirurgia
A técnica cirúrgica necessita de uma precisa incisão intraoral para exposição e visualização adequadas da bola de bichat. É importante ressaltar que antes de se fazer a incisão é necessário identificar aonde se encontra o ducto protídeo e isolar ele com o afastador de Minessota, a fim de evitar sua incisão. A profundidade da incisão é a de uma lâmina ativa de número 15C. A partir da incisão utilizam-se materiais de ponta romba, com movimentos de divulsão, podendo usar como exemplo a pinça Kelly ou Halsted. A divulsão evita a ruptura das fibras musculares.
A dissecção é dirigida à região supero posterior até um limite entre a borda inferior do arco zigomático e o lóbulo da orelha. Procura-se sempre fazer uma tração suave com a pinça tipo Adson e, apreensão do tecido com pinça Kelly curva. Após a projeção da gordura, com uma tesoura tipo Íris de 11,5 cm divulsiona-se a base do pedículo gorduroso, lembrando que não deve se cortar, a fim de evitar o risco de secção de alguma estrutura anatômica importante. A quantidade de gordura a ser removida deve ser desde 6mL até 2/3 do volume total estimado de 9,6mL. Uma média de 4mL de cada lado é uma quantidade suficiente para atingir resultados seguros e previsíveis.
Figura 1. Representação esquemática do ducto parotídeo (ponto laranja), linha perpendicular (vermelha) na metade da distância entre o ducto e o sulco gengivobucal (linha amarela), iniciando próximo à veia bucal e terminando em nível do segundo para terceiro molar, com aproximadamente 2 centímetros de comprimento de incisão.
Figura 2. Esquema da Bola de Bichat após divulsão da cápsula fibrosa conjuntiva. A gordura é móvel e bem amarela “gema de ovo”.
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